Considerações importantes sobre a Salvação em Jesus Cristo
Lembrei-me da bela letra de Gilberto Gil, intitulada, “Procissão” e pus-me a meditar num possível imaginário religioso, coletivo do nosso povo. Nesta composição, nosso grande artista diz assim: “Olha lá/ Vai passando a procissão/(...) As pessoas/ Que nela vão passando/Acreditam nas coisas lá do céu/ (...) Eles vivem penando/ Aqui na terra/ Esperando o que Jesus prometeu/ E Jesus prometeu/ Coisa melhor/Prá quem vive/ Nesse mundo sem amor/ Só depois de entregar/ O corpo ao chão/ Só depois de morrer/ Neste sertão (...)”. Nestes versos, Gil passa uma ideia de salvação, postergada a um pós-morte, como prêmio de uma vida terrena sem amor, de total impotência, sem nenhuma perspectiva de mudança; vida feita para suportar um fardo pesado do qual é impossível libertar-se. Dei-me conta de quão triste e equivocada é esta forma de pensar. Podemos até concordar com ele, admitindo que esta seja mesmo a maneira da gente sofrida do sertão crer na salvação em Jesus Cristo. Mas será que nós, como cidadãos cristãos, pertencentes a uma sociedade hipermoderna, cheia de avanços tecnológicos, de informações e de conhecimentos científicos, captamos o sentido profundo da salvação que o Senhor conquistou para nós ao preço do seu próprio sangue? Conseguimos ultrapassar a visão única da libertação eterna e espiritual diretamente veiculada ao pós-morte, inerente ao modo de ver dos nossos irmãos nordestinos? Queremos dizer, será que também não compreendemos a salvação apenas restrita a um “ir para o céu” após a morte?
Tenho a impressão que nos apropriamos apenas de uma parte do ensinamento bíblico, do ensinamento final, consequente. A salvação não acontece só depois da morte, mas nas pequenas coisas do nosso dia-a-dia da vida aqui na terra. Que descoberta estupenda! Podemos comprovar esta verdade através de duas passagens do Evangelho que citamos a seguir. Quando Jesus foi à casa de Zaqueu e este, todo feliz, afirmou que ia devolver o quádruplo do dinheiro que havia roubado nos impostos, tornando-se um homem justo, o Senhor lhe disse: “Hoje a salvação entrou nesta casa” (Lc 19,9). De forma semelhante, Jesus declarou à mulher hemorroíssa: “Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz” (Lc 8,48). Em ambos os casos, percebemos que a salvação acontece no aqui e agora, no hoje, no momento presente da vida dessas pessoas, dentro de sua história pessoal, transformando-as. Jesus entra em suas vidas para libertá-las e salvá-las. Temos no conjunto destas narrativas a presença de particularidades muito importantes: os dois protagonistas são pessoas que buscam com aguerrida decisão o Senhor que se deixa encontrar; a Zaqueu, Jesus cura-lhe o espírito e à mulher, o corpo; são comuns nestes dois relatos as atitudes de firme disposição de fé, de confiança e, sobretudo, de vontade daquelas pessoas que partem para o encontro com Deus, requisitos fundamentais para a mudança da mente e do comportamento (conversão). A salvação promove a renovação da vida da pessoa humana por inteiro, coroando-a de plena alegria porque realiza em cada uma delas a libertação e a cura de todas as suas mazelas.
Se atentarmos cuidadosamente para o único mandamento que Jesus nos ordenou – amar o próximo como a si mesmo, colocando-o em prática, com certeza viveremos rios de salvação em nossas vidas. Porque, além de experimentarmos a salvação em nossa própria vida, tornar-nos-emos instrumentos de salvação para o irmão. Observemos que nesta nossa sociedade, tão marcada pelo hedonismo, indiferença e individualismo extremados para com o próximo, temos a grande oportunidade de ser aquela “lâmpada” acesa (Lc 8,16) a irradiar a luz do Senhor que liberta, cura e salva.
Maria da Glória Andrade Almeida
Paroquiana de Sant’Ana
Pós-graduanda em Filosofia Contemporânea
A nova Jerusalém
Por Dom Alberto Taveira Corrêa
Faz parte da vida do cristão esperar o melhor, enxergar as luzes do futuro, construir o dia a dia com os valores do Reino de Deus, sem se cansar, recomeçando sempre, ainda que sejam frágeis nossas mãos e trôpegos os seus passos. Olhamos para a realidade de olhos abertos, positivamente ansiosos por descobrir os rastros da ação do Espírito Santo, que sempre nos precede, e lutamos para oferecer à humanidade, em qualquer época, o que sabemos existir de melhor.
A visão descrita pelo Apocalipse nos faz desejar a morada de Deus com os homens, que chama de "Nova Jerusalém". Ele vai morar junto deles. Eles serão o seu povo, e o próprio "Deus-com-eles" será seu Deus. Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas anteriores passaram (Cf. Ap 21,1-23). Esta Jerusalém desce do Céu, é presente de Deus, "já" chegou, mas é também preparada e edificada aqui nesta terra, onde quer que se proclame e se espalhe a novidade que vem do Evangelho e, portanto, "ainda não" se manifestou em toda a sua plenitude.
Como ensinou o Concílio Vaticano II (Lumen Gentium 48), "já chegou a nós a plenitude dos tempos (Cf. 1 Cor 10,11), a restauração do mundo foi já realizada irrevogavelmente e, de certo modo, encontra-se já antecipada neste mundo: com efeito, ainda aqui na terra, a Igreja está aureolada de verdadeira, embora imperfeita, santidade. Enquanto não se estabelecem os novos céus e a nova terra em que habita a justiça (Cf. 2 Pd 3,13), a Igreja peregrina, nos seus sacramentos e nas suas instituições, que pertencem à presente ordem temporal, leva a imagem passageira deste mundo e vive no meio das criaturas que gemem e sofrem as dores de parto, esperando a manifestação dos filhos de Deus" (Cf. Rm 8, 19-22).
Caminhamos na esperança, confiantes nas promessas do Senhor, sabendo que por melhores que sejam todos os esforços humanos, o que Deus preparou para os que o amam supera infinitamente nossas capacidades e nos levará à realização plena de todas as justas aspirações plantadas por Ele mesmo nos corações. "O que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu. A nós, Deus revelou esse mistério por meio do Espírito" (1 Cor 2,9-10).
O cristão peregrino, rumo ao Absoluto de Deus, carrega consigo alguns tesouros. Conhecê-los possibilita oferecê-los também a muitas outras pessoas, já que não podemos guardar escondidos os dons que Deus destinou a todos, por ser universal seu desígnio de salvação. Quando Jesus fez seus discursos de despedida, diante do evidente constrangimento de seus medrosos discípulos (Cf. Jo 14,27), garante-lhes sua presença permanente: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada" (Jo 14,23). Não se trata de uma presença caracterizada por relâmpagos, luzes ou terremotos, mas muito viva, real e serena. Ama a Deus quem guarda e vive a sua Palavra. E vai morar o próprio Senhor no coração de quem dá este passo. O Pai e o Filho habitam em quem vive a Palavra de Deus! Esta tem a extraordinária força para transformar o mundo. Quem a acolhe vive como pessoa renovada interiormente e ao mesmo tempo capaz de semear a novidade em torno de si.
Inigualável tesouro é ainda a ação do Espírito Santo, prometido por Jesus: "O Defensor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito" (Jo 14,26). Para garantir-nos a veracidade de suas palavras, Jesus promete nada menos do que o Espírito Santo, dado em penhor a cada fiel! Daí nasce a coragem com que as sucessivas gerações de cristãos enfrentaram as dificuldades da missão evangelizadora. E a Igreja suplica incessantemente a ação do Espírito que vem!
Também nós olhamos para frente e para o alto, dispostos a fermentar com o Evangelho de Cristo todos os recantos da vida humana, com renovado ardor missionário. Não cabe desânimo no coração do cristão, pois não caminha sozinho, sustentado apenas pelas próprias forças. Entende-se assim a força com que o Papa estimula a ação missionária da Igreja: "Que toda a pastoral seja missionária. Devemos sair de nós mesmos e ir para as periferias existenciais e crescer na "parresia", que quer dizer audácia para anunciar com coragem o Evangelho. Uma Igreja que não sai de si, mais cedo ou mais tarde adoece na atmosfera viciada de seu confinamento. Também é verdade que uma Igreja que sai pode se acidentar. Diante disso, quero lhes dizer francamente que prefiro mil vezes uma Igreja acidentada que uma Igreja doente. A enfermidade típica da Igreja confinada é o auto-referencial, que olha para si mesma. É uma espécie de narcisismo que nos leva ao mundanismo espiritual e ao clericalismo sofisticado, e nos impede de experimentar a doce reconfortante alegria de evangelizar" (Papa Francisco, Mensagem aos Bispos Argentinos).
Sejamos dignos das promessas de Cristo, assumindo com renovada audácia os desafios do presente e do futuro!
Postado: (Zenit.org) - Belém do Pará, 03 de Maio de 2013
Ide e anunciai Jesus ressuscitou
A Igreja conclama a todos nós batizados, sobretudo neste Ano da Fé e da Jornada Mundial da Juventude.
“Toda a Igreja é missionária.”
“A Igreja em estado de Missão.”
Devemos, a partir de onde nossos pés estão plantados, irradiar a Pessoa de Jesus e seu Evangelho. O Evangelho é sempre uma boa notícia, pois ele é Esperança, Amor, Luz, Beleza, Solidariedade no mundo que vive a “cultura da morte”.
Somos missionários desse Evangelho que é vida, vida abundante, vida eterna. O missionário é aquele que leva, é o 1° contato, a propaganda, a embalagem desse “produto”. Se for uma pessoa triste, encrenqueira, rabugenta, fechada, fanática, quem vai querer o “produto”?
Sejamos bons divulgadores, bons apresentadores, testemunhas pelo amor e serviço a todos. Infelizmente, há os antipáticos, insuportáveis, desequilibrados e radicais que espantam mais do que atraem para Jesus. A Igreja, seja diocesana ou paroquial ou outra realidade eclesial não é uma empresa, não pode ser gerida como tal. Deve ser comunidade acolhedora e que evangeliza eficazmente. Voltemos à nossa origem eclesial para sermos Igreja comunidade e missionária.
Lá no passado que se faz presente, lá nos primeiros passos desta comunidade bimilenar, em uma madrugada de um primeiro dia da semana (domingo), o dia mais importante da história, quando duas mulheres, duas Marias, Madalena e outra desconhecida, foram ao túmulo de Jesus e o encontraram vazio. Nunca um vazio foi tão importante, tão cheio de sentido, de esperança e alegria. De devotas de um corpo morto, tornaram-se crentes e testemunhas de Jesus vivo. “Alegrai-vos, não temais, ele não está aqui, ressuscitou”... “Ide e anunciai aos meus irmãos...”.
Esse “Ide” foi o primeiro passo da missão dado por duas mulheres, que tomará uma nova dimensão em Pentecostes A Igreja saiu de um túmulo vazio e foi anunciar Jesus vivo a todos os povos. Não esqueçamos, a Missão começou com duas mulheres eufóricas “anunciando: Jesus ressuscitou!” E não mais parou, nem vai parar pois a Missão continua.
Ir. João
Missionário leigo e colaborador na Paróquia de Sant’Ana
Quaresma Precisamos praticar o exercício, do perdão da misericórdia, com os nossos irmãos, buscando assim alcançar a misericórdia de Deus. Nestes quarenta dias precisamos sempre nos perguntar: Quem somos nós? Qual o nosso papel, como cristão. O que estamos fazendo para cumprir a vontade de Deus? Vivemos num mundo de buscas pessoais, sem preocupações com a vida de nossos irmãos. Muitas vezes não percebemos, a carências de pessoas bem próximas a nós. Uma palavra amiga, um abraço um ser escutado. Pai, mãe, avós muitos vivendo na própria casa sentindo solidão. Sabemos que o intuito é ajudar o idoso, mas inconscientemente o tornamos depressivos, quando não permitimos que eles exerçam tarefas mínimas, a exemplo de deixar que lave o seu prato, varra uma casa, arrume a sua cama. Aquele deixe que eu faça, na maioria das vezes fazem com que, o idoso se sinta um inútil, um peso para família, é claro que tem casos e casos. Vamos fazer desta quaresma momentos de reflexão. Precisamos nos transformar, não podemos ser cristãos da porta da igreja para dentro, e para fora vivermos uma vida no pecado. A desobediência à palavra de Deus nos remete a esta violência desenfreada que vivemos. Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo